2012 começou com vitória. Mesmo em trabalho de
base, optei por correr uma prova inédita, realizada na pacificada favela Morro
do Borel, RJ: O XC das favelas, desafio surpreendente e divertido, com subidas
duras e vielas estreitas. Venci a prova, mesmo com a parada para substituir um
pedal quebrado.
Em março, no início do calendário mais importante
da temporada, marcado por provas válidas para o ranking nacional, internacional
e olímpico, venci a primeira etapa da Taça Brasil 2012.
Abril trouxe a surpresa e a indignação de não ter sido convocada pela CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo) para o Campeonato Panamericano de Mountain Bike, no México. Não me conformei e fui à luta: organizei uma rifa de uniformes do Brasil usados por mim em provas oficiais, para arrecadar verba e custear as despesas da viagem. E, graças às pessoas que acreditaram em mim e compraram a rifa, pude participar da prova e conquistar o 11º lugar da elite e a medalha de bronze no revezamento, para nosso país.
Maio e junho foram meses conturbados. Competições, vitórias, derrotas. A falta de critérios da CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo) na convocação para provas internacionais, gerou revolta e indignação dos atletas. Aqueles que foram excluídos da convocação para o Panamericano e arcaram com suas despesas, conquistaram medalhas e mostraram seu valor. Inconformada, posicionei-me diante da CBC e dos meus colegas atletas. Esta atitude alimentou discussões ricas e produtivas para o mountain bike brasileiro.
Em meu check-up anual de rotina, foi diagnosticada uma extra-sístole (falhas no batimento cardíaco, palpitações, ritmos galopantes, etc). Submeti-me a diversos exames e iniciei o tratamento para eliminar do organismo toda substância estimulante (cafeína, chá, guaraná em pó, etc), pois a extra-sístole manifestava-se durante o repouso.
Foi um momento difícil,
preocupante. Tensão. Campeonato brasileiro chegando, medo, ansiedade, milhões de
pensamentos, bons e ruins, que me deixaram confusa. Consegui manter o foco e a
força, necessários para encarar mais esse desafio na minha vida.
Em julho, finalmente, o campeonato mais importante e esperado por todos os atletas do país: o Brasileiro. Este ano foi realizado em Salvador, Bahia. Graças a todos os Santos eu me sagrei Campeã Brasileira de MTB XCO (Cross-Country). Neste dia, tive a clara percepção de que a mente detém o pleno comando do corpo. Durante os dias em que estive em Salvador, trabalhei mentalmente para esquecer o diagnóstico cardiológico e focar na competição. Desfrutar da beleza do lugar e da companhia das pessoas que estavam comigo, teve importância ímpar na conquista do título.
Agosto e setembro foram os meses que marcaram etapas finais de campeonatos importantes. Eu, campeã brasileira de MTB XCO 2012, não fui convocada para o Campeonato Mundial etapa da Áustria. Sem deixar de me manifestar, direcionei o foco para o Campeonato Brasileiro de MTB XCM (modalidade Maratona). E, mais uma vez, conquistei o lugar mais alto do pódio. Campeã Brasileira de Mountain Bike Maratona.
Encerrei a temporada 2012 com dois importantes títulos nacionais e uma medalha de bronze no Panamericano.
Às empresas que me apoiaram e acreditaram na minha carreira, somando forças para que tivéssemos uma temporada tranqüila e de muito sucesso, registro meu agradecimento, e compartilho os títulos e vitórias com cada uma delas.
Obrigada.
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